«Queria ver-lhe os olhos verdadeiros e a boca e a face, mas não estavam lá. Porque eram só uma aparição difusa incontornável como a luz do ar que não se via e era só iluminação». A tua voz sobre estas palavras. Que livro lias?
Tinhas o hábito de disparar em voz alta as frases que mais te deslumbravam, sem respeito pelo silêncio no qual os outros liam coisas. E eu engatilhava o melhor dos meus sorrisos amarelos, dizia «É bonito, muito bonito». E então tu entusiasmavas-te e metralhavas um capítulo inteiro. O que era muito irritante, no momento - eu estava a ler outra coisa. Mas depois, quando já te tinhas ido embora, eu lembrava-me das tuas leituras bruscas, da rouca solenidade da tua voz, e sorria, embasbacado, para essa brusca memória tão meiga de ti.
Torno-me muito repetitiva se voltar a dizer que gosto bastante deste livro?
Sem comentários:
Enviar um comentário