terça-feira, outubro 17, 2006


Quero sorrir....

...e ter um brilho no olhar...








Quero...

Quero ir para a beira-mar perder-me nas palavras mudas de um livro...

Quero rodopiar e sentir a chuva no meu corpo...

Quero deitar-me na areia e desenhar no céu sonhos de estrelas...

Quero sentar-me no parapeito da janela a ouvir o ribombar dos trovões, observar relâmpagos e dar dentadinhas no chocolate...

Quero dançar e cantar a música que me fascina...

Quero sentir as grossas gotas de chuva a escorrer pela minha face...

Quero deliciar-me com framboesas...

Quero saltar, correr, girar, gritar, rir e sorrir...

Quero caminhar em silêncio a olhar para o infinito...

Quero fechar os olhos e ver o que os outros não vêem...

Quero ir para o outro extremo do arco-íris...

Quero sonhar e imaginar...

Quero querer...

Quero alguém que queira e que também queira querer...






Beijinho*Beijinho*Beijinho*Beijinho*Beijinho*Beijinho*Beijinho*Beijinho*Beijinho*

domingo, outubro 15, 2006




Lágrima

Dos olhos me cais,
redonda formosura.
Quase fruto ou lua,
cais desamparada.
Regressas à água
mais pura do dia,
obscuro alimento
de altas açucenas.
Breve arquitectura
da melancolia.
Lágrima, apenas.

Eugénio de Andrade
Tal e qual...


Chuva

Chove uma grossa chuva inesperada,
Que a tarde não pediu mas agradece.
Chove na rua, já de si molhada
Duma vida que é chuva e não parece.
Chove, grossa e constante,
Uma paz que há-de ser
Uma gota invisível e distante
Na janela a escorrer...

Miguel Torga

sábado, outubro 14, 2006







Há quem desenforme a gelatina assim...com um secador de cabelo! (não digo nomes nem aponto o dedo...) lol

Gosto assim muuuuuuuuuuuuito de diospiros

Este ainda estava numa árvore.


domingo, outubro 08, 2006

Carta da infância
Amigo Luar:
Estou fechado no quarto escuro
e tenho chorado muito.
Quando choro lá fora
ainda posso ver as lágrimas caírem na palma das
minhas mãos e brincar com elas ao orvalho
nas flores pela manhã.
Mas aqui é tudo por demais escuro
e eu nem sequer tenho duas estrelas nos meus olhos.
Lembro-me das noites em que me fazem deitar
tão cedo e te oiço bater, chamar e bater,
na fresta da minha janela.
Pelo muito que te tenho perdido
vem agora,no bico dos pés
para que eles te não sintam lá dentro,
brincar comigo aos presos no segredo
quando se abre a porta de ferro e a luz diz:bons dias, amigo.

Carlos de Oliveira
Pequenina...
Queria ficar para sempre pequenina...
teria o colinho do meu pai...
e o aconchegar da minha mãe,
quando não conseguisse adormecer.
O tempo passou...
Porque é que a maioria dos poemas são tristes?
Porque é que me sinto mais inspirada para escrever quando tou mais tristonha?
Porque é que tenho vontade de escrever mesmo sem queda para tal?
Porque é que há músicas e poemas que me põe a chorar?
Porque é que as lágrimas teimam em escorrer pela minha face, mesmo quando eu não quero?
Porque é que a vida não pode ser bonita e alegre todos os dias?
Porque é que há dias em que só me apetece ficar enfiada no quarto?
Porque é que quando tou mais em baixo me agarro com toda a força à almofada
Beijinho da sempre pequenina boxexinhax*

quarta-feira, outubro 04, 2006



Brinquedo
Foi um sonho que eu tive:
Era uma grande estrela de papel,
Um cordel E um menino de bibe.
O menino tinha lançado a estrela
Com ar de quem semeia uma ilusão;
E a estrela ia subindo, azul e amarela,
Presa pelo cordel à sua mão.
Mas tão alto subiu
Que deixou de ser estrela de papel.
E o menino, ao vê-la assim, sorriu
E cortou-lhe o cordel.

Miguel Torga





Eu também lanço estrelas.
A algumas também já cortei o cordel,
outras, como teimam em não se elevar,
ainda estão presas ao cordel...
mas olho para o céu
e vejo já várias a cintilar,
então, penso que outras se lhes irão juntar..


muitas estrelinhas cintilantes***

"O maior sentido do nosso corpo é o tacto. Provavelmente é o mais importante dos sentidos. Informa-nos sobre a profundidade, a espessura e a forma. Sentimos, amamos e odiamos em virtude dos corpúsculos tácteis da nossa pele."

J. Lionel Tayler

domingo, outubro 01, 2006



Melancolia de um fim de setembro

Ó manhã, manhã,
manhã de setembro,
invade-me os olhos,
inunda-me a boca,
entra pelos poros
do corpo, da alma,
até ser em ti,
sem peso e sem memória,
um acorde só
do vento e da água,
uma vibração
sem sombra nem mágoa.

Eugénio de Andrade





O mês de Setembro acabou...
Hoje o acordar já foi diferente,
o de amanhã também será...
Um fim, um começo...
É tempo de dizer adeus a uns,
olá a outros...
Os nossos cafés sem café irão permanecer...
As nossas idas às compras também...
Aqueles jantares cheios de alegria...
A cantoria pelas ruas fora...
Momentos de extrema boa disposição,
Que ficaram gravados
tanto na memória como no coração.
Eu vou, mas a amizade fica...
O início teve começo no fim!

Kiss & Hug

Peregrinação

Corro o mundo à procura dum poema
Que perdi não sei quando, nem sei onde.
Chamo por ele, e a voz que me responde
Tem o timbre da minha, desbotado.
Às vezes no mar largo ou num deserto
Parece-me que sim, que o sinto perto
Da inspiração;
Mas sigo afoito em cada direcção,
E é o vazio passado
Acrescentado....
Areia movediça ou solidão.

Teimoso lutador, não desanimo.
Olho o monte mais alto e subo ao cimo,
A ver se ao pé do céu sou mais feliz.
Mas aí nem sequer ouço o que digo;
O silêncio de Orfeu vem ter comigo
E nega os versos que afinal não fiz.
Miguel Torga
E se eu fosse navegando pelos mares? Subindo às montanhas?
Contento-me apenas em trepar às núvens e em baloiçar-me nelas...
Beijo em cada face**