sexta-feira, abril 18, 2008


Recordações.... Saudade...Esperança...Força...Lutas...Ontem, hoje e para sempre!

quarta-feira, abril 16, 2008

E eis-me preso à memória escura dos teus olhos, dos teus passos saltitantes, da tua alegria convicta que a partir de certa altura começou a açucarar demasiado a minha vida. Não consigo concentrar-me. Passo os dias com os olhos sobre as letras dos livros que tenho de ler e não consigo entrar neles. E ouço muitas vezes a canção de Pascoal: «A sombra das nuvens no mar / O vento na chuva a dançar / uma chávena a fumegar / Tudo me falava de ti / A sombra das nuvens desceu / O céu alto arrefeceu / E o mar bravio perdeu / A luz que vinha de ti.»



in "Fazes-me Falta" de Inês Pedrosa



Este livro tornou-se um dos meus predilectos.
"Só não consegue quem desiste!"


No outro dia li esta pequena grande frase num blog e realmente é verdade... Há que lutar pelas coisas...
Quando quiserem uma coisa, lutem por ela. Não fiquem à espera que ela caia do céu.

Vaidade


Sonho que sou a poetisa eleita,

Aquela que diz tudo e tudo sabe,

Que tem a inspiração pura e perfeita,

Que reúne num verso a imensidade!


Sonho que um verso meu tem claridade

Para encher todo o mundo!E que deleita

Mesmo aqueles que morrem de saudade!

Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!


Sonho que sou Alguém cá neste mundo...

Aquela de saber vasto e profundo,

Aos pés de quem a Terra anda curvada!


E quando mais no céu eu vou sonhando,

E quando mais no alto ando voando,

Acordo do meu sonho... E não sou nada!...





Florbela Espanca


Ora aqui está outra poetisa que gosto bastante!
És agora apenas uma fotografia ao lado da minha insónia. Uma memória que me fala sobretudo, como todas as memórias, daquilo que não existiu. Nessa fotografia te esqueço. Meticulosamente, de cada vez que me esforço por reter-te e começo a inventar-te. Tudo em ti tem asas, agora - o teu riso, os teus passos. Até nas poucas frases que de ti recordo há um restolhar de penas. E deslizo para esta solidão de não poder voltar a ser sozinho, como era quando tu existias, nesta mesma cidade, e eu já nem sequer pensava em ti.

«Queria ver-lhe os olhos verdadeiros e a boca e a face, mas não estavam lá. Porque eram só uma aparição difusa incontornável como a luz do ar que não se via e era só iluminação». A tua voz sobre estas palavras. Que livro lias?

Tinhas o hábito de disparar em voz alta as frases que mais te deslumbravam, sem respeito pelo silêncio no qual os outros liam coisas. E eu engatilhava o melhor dos meus sorrisos amarelos, dizia «É bonito, muito bonito». E então tu entusiasmavas-te e metralhavas um capítulo inteiro. O que era muito irritante, no momento - eu estava a ler outra coisa. Mas depois, quando já te tinhas ido embora, eu lembrava-me das tuas leituras bruscas, da rouca solenidade da tua voz, e sorria, embasbacado, para essa brusca memória tão meiga de ti.




in "Fazes-me Falta", de Inês Pedrosa


Torno-me muito repetitiva se voltar a dizer que gosto bastante deste livro?
O principezinho arrancou também, não sem um pouco de melancolia, os últimos rebentos de baobá. Ele julgava nunca mais voltar. Mas todos esses trabalhos familiares lhe pareceram, aquela manhã, extremamente doces. E, quando regou pela última vez a flor, e se dispunha a colocá-la sob a redoma, percebeu que estava com vontade de chorar.

- Adeus, disse ele à flor.

Mas a flor não respondeu.

- Adeus, repetiu ele.

A flor tossiu. Mas não era por causa do resfriado.
- Eu fui uma tola, disse por fim. Peço-te perdão. Trata de ser feliz.
A ausência de censuras o surpreendeu. Ficou parado, inteiramente sem jeito, com a redoma no ar. Não podia compreender essa calma doçura.
- É claro que eu te amo, disse-lhe a flor. Foi por minha culpa que não soubeste de nada. Isso não tem importância. Foste tão tolo quanto eu. Trata de ser feliz... Mas pode deixar em paz a redoma. Não preciso mais dela.
- Mas o vento...
- Não estou assim tão resfriada... O ar fresco da noite me fará bem. Eu sou uma flor.
- Mas os bichos...
- É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas. Dizem que são tão belas! Do contrário, quem virá visitar-me? Tu estarás longe... Quanto aos bichos grandes, não tenho medo deles. Eu tenho as minhas garras.
E ela mostrava ingenuamente seus quatro espinhos. Em seguida acrescentou:
- Não demores assim, que é exasperante. Tu decidiste partir. Vai-te embora!
Pois ela não queria que ele a visse chorar. Era uma flor muito orgulhosa...
in "O Principezinho" de Saint-Exupéry

Toy Story - You've Got a Friend in Me