quarta-feira, outubro 31, 2007

Relógio biológico demora a adaptar-se à nova hora


Pode não parecer muito, mas 60 minutos fazem grande diferença. A mudança legal dahora - a que 1.6 mil milhões de pessoas, entre as quais dez milhões de portugueses,são sujeitas duas vezes por ano - pode ter efeitos nefastos na saúde a longo prazo.Tudo porque o relógio biológico não se acerta tão facilmente como os ponteiros dosoutros relógios, aqueles que vamos atrasar 60 minutos na madrugada do próximodomingo. Um novo estudo, publicado na edição on-line da revista científica Current Biology,conclui que o nosso organismo não se adapta facilmente à alteração da hora legal equestiona se esse desfasamento nos ritmos naturais de acordar e adormecer não teráconsequências a longo prazo. O ser humano vem equipado com um mecanismo que marca os ritmos de vigília e sono(ciclo circadiano, com a duração aproximada de 24 horas) em função da luz solar.Esse relógio, localizado no hipotálamo (cérebro), é tão exacto que não se deixabaralhar por fronteiras ou horários legalmente estabelecidos e consegue ajustar ocomportamento humano ao aumento da escuridão do Oriente para Ocidente, explica TillRoenneberg, da Universidade Ludwig-Maximilian em Munique, Alemanha. Como o dito relógio interno é comandado pela luz e não pelas leis dos homens, oatraso ou adiantamento de uma hora não é uma adaptação fácil. É verdade que são apenas 60 minutos, mas provocam uma desregulação, repentina eartificial, nos nossos ritmos vitais que se repercute nas semanas seguintes àmudança legal da hora. Exemplificando, "é como se toda a população da Alemanha fossetransportada para Marrocos na Primavera e voltasse outra vez no Outono", diz TillRoenneberg. Para demonstrar estes efeitos, os autores do estudo analisaram os padrões de sono eactividade de 50 pessoas ao longo de dois meses após as alterações de horários,tanto na Primavera como no Outono. Estes dados foram cruzados com um vasto estudoaos hábitos de sono de 55 mil europeus, cujos resultados demonstram que a função dedormir segue naturalmente a progressão do amanhecer e não se compadece com mudançasforçadas. Embora tenham verificado que, de forma geral, os ritmos circadianos não se ajustam àhora legal, os investigadores concluíram que a mudança da Primavera revela-se demais difícil adaptação do que a de Outono. "Isto é especialmente óbvio nos que sedeitam tarde na Primavera. Essencialmente, o seu tempo biológico permanece dentro dopadrão do tempo de Inverno, enquanto têm de ajustar as suas agendas sociais aoavanço da hora durante todo o Verão", sublinha Till Roenneberg.


in Jornal de Notícias [Sociedade e Vida] 2007.10.25

1 comentário:

Nuno disse...

"..PODE TER EFEITOS NEFASTOS NA SAUDE.." LOL só tu para te preocupares c isto das horas, baite fazer mt mal bai, ve la se n te cai o hipotalamo